E quem sou eu nesse sem-fim de mundo cheio de outros?
Quem sou eu?
Onde o mundo é infinito e a infinitude persiste...
Propriedade privada de todos a quem meu coração toque.
Esse imponente salão de vidro onde ciclicamente
recebo o querer bem, me machuco
e insistentemente
refaço a resina e ensaio reconstruir
a inocência da infância.
Esse castelo de areia que construo dia apos dia
e encho de ouro
e vida
e fartura
e que apresento a quem me cativa.
E quem sou eu nesse mundo?
Meu coração ao qual todos vocês pertencem e são pertencidos.
Todos a quem amo
Filho do amor.
Sou rio, contorno a pedra
deixo parte de mim nela
mas levo a maior parte
desembocando às vezes numa mata com bambuzais.
Filho do amor.
Sou no amor
esse é o meu caminho.
Osun,
Odé,
Oyá
Xangô
Esu
Extremos de minha luz verde.
domingo, 4 de dezembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Kehinde sou eu!!
A estranha vida nos faz passar por percursos estranhos, asim como é estrano o curso do rio que como lesma faz suas marcar para que os seus passem. Aquela agua que nunca será a mesma mas é parte de um todo ritual. Um fio que liga a ancestralidade mesmo perdida. O contato com Aruanda, orum no ayê. Quero um rio. Encontrar meu lado rio que me liga àquela que não conheço mas eu contenho. Kehinde você me tocou tanto. Ana vc me interpretou em Kehinde. Ai meus abikus, meus ibejis, meus ancestrais, minha mãe. Sou Salvador oitocentista, sou representante d'África e sou Caboclo também e como rio, sigo e trago atrás adiante e atrás de mim continuações e muito axé
terça-feira, 8 de novembro de 2011
CHORO
Choro
A vida segue e encontra vidas q seguem conosco
quando nos deixam, a vida se torna vidas
Minhas vidas seguem e as vezes o encontro do que fui, sou e estou sendo
que me solavanca e me desestrura
o desnível do piso que sobra
o desencaixe de peças que clamam por se juntar
é preciso chorar
as mudanças
o pós-parto
a dona do corpo
a carne repuxando violentamente
mostrando as feridas, todas elas cicatrizando
choro para ter, reter e rever
choro para crescer
choro quando quero abençoar meu corpo, com agua e sal
choro é banho
divide as águas
media os desníveis
que venham novos choros
que venham novas vidas
e que a lagrima brinde
a minha vivência
porque já sou sobrehumano
A vida segue e encontra vidas q seguem conosco
quando nos deixam, a vida se torna vidas
Minhas vidas seguem e as vezes o encontro do que fui, sou e estou sendo
que me solavanca e me desestrura
o desnível do piso que sobra
o desencaixe de peças que clamam por se juntar
é preciso chorar
as mudanças
o pós-parto
a dona do corpo
a carne repuxando violentamente
mostrando as feridas, todas elas cicatrizando
choro para ter, reter e rever
choro para crescer
choro quando quero abençoar meu corpo, com agua e sal
choro é banho
divide as águas
media os desníveis
que venham novos choros
que venham novas vidas
e que a lagrima brinde
a minha vivência
porque já sou sobrehumano
domingo, 18 de setembro de 2011
ANTI-ANTRO-POFÁGICO
Nos ultimos meses, comi muito de um mundo ao qual eu pertencia, mas estava abandonado. Comi tudo. Estava como Guernica tudo bagunçado no estômago, ainda está. Preciso vomitar o mundo e lembrei de Cazuza e Augusto dos Anjos.
Preciso vomitar Luandino, Angola, Marcelino, preciso vomitar meus orixás, as contas para pagar, vomitar FAnon, vomitar minha companheira, vomitar minha casa, o ex trabalho, anti antropofagia e a dor de me dar nessa maldita voz que não quer calar e briga para não sofrer a violencia de ser escrita. Perciso vomitar minha pele, Lazzo, Oxossis e Exus, Estou quase pronto...
domingo, 31 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
O avesso de novo
À poetisa premiada
O meu segredo de amar é o meu avesso,
Ah poetisa! No silêncio do rio há profundidade,
Na superficialidade linda e brilhosa há muito o que contar
Rio é iceberg líquido
No fundo, estou lá naquela pedra intocada
Mas também nas margens, nos ramos verdes que te abarcam e não deixam transbordar.
Ah meus amores em verde e amarelo!
Meu doce de limão,
Minha manga,
Minha carambola,
Meu abebé.
Meu Ofá.
O meu segredo de amar é o meu avesso,
Ah poetisa! No silêncio do rio há profundidade,
Na superficialidade linda e brilhosa há muito o que contar
Rio é iceberg líquido
No fundo, estou lá naquela pedra intocada
Mas também nas margens, nos ramos verdes que te abarcam e não deixam transbordar.
Ah meus amores em verde e amarelo!
Meu doce de limão,
Minha manga,
Minha carambola,
Meu abebé.
Meu Ofá.
domingo, 19 de junho de 2011
Final de tarde de sexta-feira, tudo bem com você?
Foi neste dia...
Mudo os caminhos para não me esquecer das novas possibilidades, reinvento todos os dias as trajetórias
Ah maldita inconstância...sem a vontade de procurar algo que não sei se vou encontrar, sede de novidades
Mudo os caminhos e fundo novos limites, nesses dias as febres são diferentes das outras e tudo me dói e me chora.
Minha saudade morava nos olhos colegiais, numa barraca, simples, pequena, rodeada por obstáculos de barro.
Nuvens de ônibus e carros, hordas de zumbis fone-maníacos, febres hi-tecs, minha Nossa Senhora de Taiwan e dos dois, três, doze milhões de chips me salvem!
Continuo estrangeiro, também sou zumbi.
Os olhos colegiais me lembraram que sou um "Zumbi" diferente.
Bananeira queimada, o que me fez? O que eu te fiz?
Água de flor me abriu.
Pamonha!
Sim. Havia uma barraca de pamonha no meio da passarela, no meio da passarela tinha uma barraca de pamonha.
Como que ostentasse um prêmio sequestrei o quitute e corri para o bondônibus....
Sim estava no meio do caminho...
Estava na minha infância....
Menino vá na barraca de Dona Biléu e traga dois charutos, uma pamonha e aperte o dinheiro para não perder e o troco de quebra queixo para você...
Ah voinha! Eu nunca perdi o dinheiro! E essas lembranças...
Pamonha nas mãos cori para o ônibus e vi, minhas mãos quase me fizeram chorar. Dinheiro apertado nas mãos, dinheiro apertado contra o peito.
Saudades do tempo que não existia o capital de plástico, Sim eu ainda apertava por instinto, ainda sou infante....
Homem de barba na cara me lembrava da mania adquirida na infãncia e que me perseguia adulto.
Dinheiro apertado na mão...
Como um fugitivo desci desesperado a compartilhar com minha mãe.
Trouxe pamonha e sua alma sorridente me fez voltar mil anos, me fez sentir o cheiro de terra da casa de minha avó das brincadeiras, da inocência, do meu amor pelos idosos e sábios.
Prendo os lábios, não vou chorar!
Solto as lágrimas a rolar em minha face exercendo os traços do que não perdi...
Esse é o meu troféu.
As lembranças...
O sentir preso na linha do tempo
Traços
Traço caminhos pelas páginas, defino e redefino trajetórias, sintetizo...
Ressignificado ou relido, reproduzido ou reinterpretado, não deixo marcas no caminho ele é que me marca e eu amo isso.
Na realidade clamo por isso e repito o ecoar de um canto distante, mas que em minha memória de corpo, de alma e de pele são vivos... tem cheiro de mato, rio, terra e mar.
Sou o próprio fogo cortado em ventos...sou a brisa no tempo que me faz refletir sobre o que e a quem represento ou quais.
Meu grito vai ao meu mil-avô e a luta incessante não me cansa. De onde venho há um poço sem fundo e quanto suspeita-se secar ele brota mais forte a cada dia.
Traço os caminhos, devoro-os, me esfrego neles para me deixar neles, marcar o meu lugar. O determinismo não tem vez...traçadas linhas, mal-traçadas...erros eternos de vírgulas e acentos,
Assentos errôneos e ilegítimos, não estou nem aí para vocês, entenderam?
Sei quem eu sou e repito! Sei quem eu sou! Não permitirei que me tornem senso comum. Sou incomum ouviram?
In-co-mum!
E meu caminho é vencer.
domingo, 29 de maio de 2011
Comunicação direta
À deus,
Bicho, ante ao exposto abaixo pelo tio Gil, nossas conversas tem sido longas e árduas, obrigado pelo eterno retorno e pelo aprendizado, sem mais, seu humilde candeeiro.
Geo
Se eu quiser falar co Deus
Tio Gil
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Bicho, ante ao exposto abaixo pelo tio Gil, nossas conversas tem sido longas e árduas, obrigado pelo eterno retorno e pelo aprendizado, sem mais, seu humilde candeeiro.
Geo
Se eu quiser falar co Deus
Tio Gil
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
sábado, 21 de maio de 2011
O que cabe no coração?
A música de "A banda mais bonita da cidade" ensaia traduzir a complexidade e simplicidade do sentimento humano. E me tocou profundamente...um bofetão de lírica e poesia, daqueles que a gente precisa para enxergar o sol mais quente e sentir céu mais macio.
Amei este clip também....
Amei este clip também....
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Incompletude
| Metáfora viva do mundo, sou terra Embaixo de mim(ou dentro) profundas reciclagens, revoluções, transformações... Telas de descanso, dissimulações naturais, eu levo a paz, E a minha paz? A paz que eu preciso e que desvelo aos outros é o desejo que tenho pra mim. Tenho um buraco aqui no centro do estômago e nele há sopas de elementos em profunda, intensa revolução Telas de descanso, trago para dentro a falta de paz alheia Aqui dentro administro isso, sou máquina de fazer paz E faço e refaço e me esqueço de mim no mundo Metáfora viva pelo avesso sou guerra Pinto as paredes de vermelho e preto Amolo as facas e as lanças, Aponto a seta Aqui sou um sem limites de mim Aqui realizo o que me envergonha mas o faço Na metade que a mim cabe e exponho as dores do buraco negro de mim E nada entra mais e só sai Assim sou eu, memória de extremos na eterna busca de equilibrio... Assim alma bruta, corpo leve, corpo bruto, alma leve, novelo de espinhos, espinhos de lã... E o que eu quero? Não sei. |
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Meu professor de sensações
À Chico Cesar.

Hoje lembrei de você com saudades de mim
Quando ao ouvir você através de um espelho dágua
Descobri que sei te reconhecer,
Dono do dom,
Nem clássico, nem roots
Nem mangue beat, nem bossa
Nem Europa, nem África, Nem Brasil
Minha licença poética, primeira paródia
Acho que me forjei em você
Onde eu vi o espelho e me referenciei
Reverencio minha mãe nas suas letras
Cosmopolita regional
Homem de poucas palavras, mas com o peso certo
Nem isso, nem aquilo
Nasceu meu romantismo ali,
Flor de Mandacaru,
Minha vida...
Nessa sua poesia-prosa tão louca, tão propria, tão plural
Cabelo de mangue, cabeça e voz,
Emprestimo de dois: Palavras duras, veludosas vozes.
Ai! Chico. Ai! Cesar.
Você me faz sentir mais George e mais Mário.
Me faz saber que há sentido numa descombinação de nomes,
Somos parecidos,
Meu amado, seu dom é de microfonia
O meu e sentir, intersentir, interpretar e faço isso com minha pele
desde antes de te conhecer, de me reconhecer, me reconheço por ti.
Te quero eternamente em minha Playlist, mesmo que não me conheça,
Só porque tem que ser assim.
Só por Isso.
Hoje lembrei de você com saudades de mim
Quando ao ouvir você através de um espelho dágua
Descobri que sei te reconhecer,
Dono do dom,
Nem clássico, nem roots
Nem mangue beat, nem bossa
Nem Europa, nem África, Nem Brasil
Minha licença poética, primeira paródia
Acho que me forjei em você
Onde eu vi o espelho e me referenciei
Reverencio minha mãe nas suas letras
Cosmopolita regional
Homem de poucas palavras, mas com o peso certo
Nem isso, nem aquilo
Nasceu meu romantismo ali,
Flor de Mandacaru,
Minha vida...
Nessa sua poesia-prosa tão louca, tão propria, tão plural
Cabelo de mangue, cabeça e voz,
Emprestimo de dois: Palavras duras, veludosas vozes.
Ai! Chico. Ai! Cesar.
Você me faz sentir mais George e mais Mário.
Me faz saber que há sentido numa descombinação de nomes,
Somos parecidos,
Meu amado, seu dom é de microfonia
O meu e sentir, intersentir, interpretar e faço isso com minha pele
desde antes de te conhecer, de me reconhecer, me reconheço por ti.
Te quero eternamente em minha Playlist, mesmo que não me conheça,
Só porque tem que ser assim.
Só por Isso.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Tradução
Dor...
O que sinto quando escrevo é o maldito abandono,
de tudo aquilo que era pensamento
e não conseguiu ser linguagem,
É a alma implorando ao corpo aquilo que ela percebe leve
Limitações do físico, memória
A violência que resulta em metafísica.
Nem éter, nem pedra
Releitura mal-feita,
Imagens enquadradas em códigos predefinidos para sensações indefinidas
Luta incessante entre razão e emoção, onde não há vencedores.
Para a ancestralidade natural, estranhamento.
Palavra é força, movimento, música, imagem, contexto, exemplo.
A alma não quer, os dedos persistem.
Preciso fazer a metáfora da vida terrena
Aprisionar o espírito no corpo.
Palavra é corpo
Idéia é espírito
Escrita é nascimento
Texto é vida, tradução.
Mário Amorim
Mário Amorim
sábado, 7 de maio de 2011
Feitiço de Áquila
Grito com os meus extremos a dor de ser o que sou
Clamo que eles se acalmem, silenciem
Observo a batalha esperando o triunfo de alguma das partes
Uma dá a passagem, mas com um ar sonso e vingativo de quem vai dar o troco
A outra defende o seu espaço, mas com um aperto no coração um receio de estar sendo injusto
Partes da unidade, suas falhas as complementam.
Precisam muitas vezes de seu ato solo para me fazer crescer, demonstrar e expandir sua força
Digo: Decidam-se! Isso me desestabiliza!
Elas se atém a mim e se preocupam com sua base...
Culpada a colérica esquece o seu espaço e me abraça completamente e com ardor e chora e dorme.
A pacífica me pergunta como cheguei a aquele ponto e me enche de questionamento e culpas, perde a paciência e ao assumir isso abraça a cólera e dorme com ela.
Elas se encontram em mim crepúsculo e amanhecer.
A linha do sol, onde se escreve o dia no infinito.
Somos eu.Eus.
E as minhas partes tornam-se amistosas e se abraçam
E sigo conciliado até a próxima discussão,
Antes do próximo início,
do próximo anoitecer
Onde sou águia ou lobo...
ou os dois.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Lótus
Flor de Lótus
A flor de Lótus é venerada na Índia e no Japão, e Oráculo disse que essa era a flor símbolo da espiritualidade; a mais admirada de todas, do "lado de lá", por suas qualidades. A semente de Lótus pode, por exemplo, ficar mais 5.000 anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar. Ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então mostra suas luminosas e imaculadas pétalas, que são autolimpantes, isto é, têm a propriedade de repelir microrganismos e poeiras. É também a única planta que regula seu calor interno, mantendo-o por volta de 35º, a mesma temperatura do corpo humano. O botão da flor tem a forma de um coração, e suas pétalas não caem quando a flor morre, apenas secam. Assim, para os Chineses, o passado, o presente e o futuro estão simbolizados, respectivamente, pela flor seca, pela flor aberta e pela semente que irá germinar.
Nas gravuras indianas, deuses costumam aparecer em pé ou sentado sobre a flor. Isto ocorre com as representações do deus elefante (Ganesha), Lakshmi — a deusa da prosperidade — e Shiva, O destruidor. Krishna têm a seus pés algumas flores de Lótus, que são chamados pada-kamala (pés-de-Lótus). A tradição budista nos relata que quando Siddhartha (que mais tarde se tornaria o Buda) tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Representa, assim, que cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Tanto que o conhecimento espiritual supremo é comparado ao florescimento do Lótus de mil pétalas no topo da cabeça, como é chamada a expansão do chakra coronário, e seria o equivalente à auréola dos santos da Igreja Católica.Tocar
Eu despertava aos poucos e meu corpo saía de uma anestesia processual.
A tontura me tomava e podia me sentir envolvido por uma aura de energia que me afastava de tudo quanto fosse vibração diferente daquela.
Por alguns dias estive com a alma e o corpo assim...
O centro do meu corpo emanava algo próximo e distante ao mesmo tempo.
E em surtos de imantação o fluxo aumentava ou diminuia como a um imã.
Nessa hora os planetas estavam alinhados nos meus chakras.
Mas era só o começo de uma longa estrada por onde ainda vou...
terça-feira, 3 de maio de 2011
Sangria

Meu corpo sentia a profundidade difusa da veia penetrada e invadida por um líquido estrangeiro.
O bem-estar custa parte da vida doada ao capital. A carteira assinada, o ponto, em ponto e todas as satisfações cabíveis.
Ao meu lado jazia alguém que previ derramável. Seu rosto colérico e as veias alteradas me disseram. Minhas veias continuavam a responder. Sim, era pressão alta e o indiquei a cuidar da cólera. "É...o seu pote é cheio e se você se irrita ferve e derrama, dizia eu.
Engraçado que quando derrama não volta mais...
AVC...
O soro descia lentamente, uma falha no catéter, um vazamento causando um gota a gota e ao meu lado a cólera desfazia-se.
Quando cheguei eu vi a impaciência e ali eu dava muito mais do que conselhos.
Simbioticamente trocava minha moderada parte colérica e recebia a dele inflamada e dissipava aos poucos.
O soro desceu mais rápido, minhas veias alteravam mais e mais e eu notava sua calma no ambiente branco de estofaria preta.
O Profenid me invadia mais rápido e analgesiava o escambo energético, minhas veias pululavam.
Cochilei...
Em questão de segundos notei que ele cochilava ao meu lado e quando, de súbito acordei, o soro seco dava lugar ao sangue. A gotas transparentes se misturavam no chão branco. O piso de cor fria recebia o sangue quente e os matizes gélidos das minhas gotas de sangue púrpura e formava uma flor.
Assustado gritei: Enfermeira!
E pensava...já chega! Já me dei demais! Dei meu sangue. Preciso sair daqui. Preciso fugir.
Saí com os devidos curativos deixando para trás, meu paciente adormecido, minha alma nele e minha flor de sangue.
Sangrava...
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Dois ou mais
A relação de dependência entre as pessoas me chama atenção. É interessante perceber que a idéia de disposição por uma pessoa deixa a outra na zona de conforto e automaticamente é atribuída à primeira a obrigação de dispor eternamente. Uma mudança nesse equilibrio pode fazer com que a parte confortada tenha atitudes flexiveis ou inflexiveis. Aí está a pedra de amolar nos relacionamentos. Não pretendo descrever arquétipos universais destes comportamentos, mas ilustrar algumas observações que considero importantes.
De modo geral as relações humanas são movidas por interesses. Namoros, amizades, relações de trabalho, família. Há sempre uma relação comutativa que pode persistir se resultar em multiplicação ou soma. Mas, porque algumas pessoas insistem em se relacionar quando sai em desvantagem? É a isso que chamo de dependência ou disponibilidade vampírica. Às vezes o indivíduo por se encontrar numa situação psicologicamente vulnerável se torna vítima de outro por um ciclo de dependência gerado com o intuito de manter a presença alheia como a um troféu. Devemos considerar que isso se dá, na maioria das vezes, de forma inconsciente pelo menos para uma das partes. Quando a parte "dominada" se dá conta do desnível matemático é que surgem as revoluções.
É engraçado observar que a parte "dominada", normalmente é a mais forte das duas e sai das relações doentias dando reviravoltas surpreendentes. Acredito ser importante para o processo de formação individual tais contatos, inclusive para a percepção de tais realidades para uma das partes. Isso não significa dizer que todas as pessoas vão passar por esse processo com a mesma visão de realidade. Algumas podem simplesmente ignorar o processo e continuar sendo vampirizado sucessivamente e abandonado por seu predador.
Já havia percebido esses sítios relacionais e sempre me esforcei para sair e retirar as pessoas com as quais me relacionei das suas respectivas zonas de conforto. Garanto que não é facil. Isso requer uma proximidade ímpar e uma doação ao relacionamento que as superficialidades da nossa atualidade não absorve. Percebo que a ditadura da felicidade e bem-estar, imprime falta de corpo à ideia de cumplicidade e evolução do outro.
Gostaria de convidar os leitores a conhecer um pouco mais sobre o relacionamento a dois e o relacionamento individual através de algumas indicações de leitura.
"Quem me roubou de mim?" de Fábio de Melo, que propõe o vampirismo relacional(recebi de presente de uma pessoa muito especial que quebrou alguns paradigmas meus).
Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus, com a proposta de diferença dos comportamentos intergêneros.eve em consideração a capacidade de uma mulher ter comportamento masculino = Marte ou vice-versa, independente de ser homossexual ou não. Os papéis assumidos nas relações podendo esses papéis ser móveis ao longo dos relacionamentos. Ficou difícil? Vou ser mais didático. Uma pessoa pode ser tipicamente Marte numa relação, independente do sexo ou vice-versa e depois mudar.
E A arte da felicidade do Dalai Lama para refletir sobre as aspiraçoes individuais que permeia toda pessoa.
E a interessante música da Venessa da Mata, O masoquista e o Fugitivo. O que você está sendo agora?
E a interessante música da Venessa da Mata, O masoquista e o Fugitivo. O que você está sendo agora?
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Gôsto
Um gosto salgado misturado à minha saliva me condena a beber o passado.
O sal é a memória do corpo e destila em meu interior.
O equilibrio do sabor de algo tão distante que há tempo não tinha acesso.
A lágrima da Natureza me convidou, abriu as portas e me deitou no sofá da sala.
Deitei a chorar, soluçar minha estrada, meus caminhos.
Fui transportado para um lugar empoeirado, vazio, sem luz.
Um espelho de luz e água e raios expôs como lanterna o obscuro de minhas memórias.
Eis o melhor e o pior de mim...
O sal é a memória do corpo e destila em meu interior.
O equilibrio do sabor de algo tão distante que há tempo não tinha acesso.
A lágrima da Natureza me convidou, abriu as portas e me deitou no sofá da sala.
Deitei a chorar, soluçar minha estrada, meus caminhos.
Fui transportado para um lugar empoeirado, vazio, sem luz.
Um espelho de luz e água e raios expôs como lanterna o obscuro de minhas memórias.
Chuva
A chuva fina me deixa um pouco nostálgico. Miro o horizonte. Mar de casas amontoadas, de vidas, alteridades...
Olhos nas torres à distância, minha bússola para não me perder?
Meu lar de infância, olhar enviesado entre o passado e o presente. Meu corpo está situado na mesma localidade e meu passado está lá...
Cheiro de terra molhada, palmeiras, roseira.
Os meus espinhos e o meu melhor cheiro.
O café da manhã e o almoço em bolinhos de feijão, comer de mão.
Avó materna, maternal minha amada Nanã, extremamente friorenta e rabugenta.
Estou lá em instantes, na paisagem que me obrigava a brincar em casa num teatro de bonecos, casa cheia de crianças, remendo nas roupas, suor.
Meu coração dói de saudades, da dor e da delícia.
Volto correndo. Estou deste lado de cá. Pés no piso acinzentado.
"Cheiro de terra molhada é proibido dizer porque traz consigo a morte!" Lembro de minha avó...
Meu piso não é cimento vermelho. É cinza-esbranquiçado e frio.
E minha alma que era como o piso nos meus pés se torna cada vez mais "pecilotérmica".
Minhas tias sempre diziam de mim carinhoso, dengoso, abraços afáveis e mão frias no frio e quentes no calor.
A aula de Biologia resolveu o mistério:
"Minhas mãos são pecilotérmicas."
Estou de novo entre o piso vermelho e o cinza, entre o frio e o quente, estou sem controle entre o hoje e o ontem.
Minhas mãos continuam intermitentes e o piso cinza.
Mudei. Aos poucos mudei, mas trago em mim tudo. As rosas, espinhos, palmeiras, paisagem, Minha avó e o feijão amassado, o café, a censurada terra molhada e todas as dores e delícias de ser quem eu sou.
Meu piso é acinzentado, mas já esteve vermelho e voltarei quando precisar, fecho os olhos e abro, alteridades, torres, casas amontoadas, vidas nostalgia, comunicação, Federação...seco as lágrimas e me olho.
Onde cheguei? O que conquistei? Encontro alguém frente à frente no espelho dágua, cispartido entre o passado e o presente...
Eu.
Música Baiana
Andei refletindo sobre o axé baiano e seus percursos. Como participante e consumidor da cultura de axé desde os seus primórdios, me lembrei do tempo que eu dançava requebra com a poesia inconfundível de um Pierre Onasis que esbanjava sensualidade quando falava da mulher como musa de sua música rebolativa e alegre.
Nas poeiras dos meus pensamentos(tomei cuidado ingerindo um anti-alérgico antes porque o negócio é perigoso para quem tem rinite alérgica) encontrei uma letra contemporânea à de Pierre que poderia muito bem se adequar à nossa atualidade e os rumos que alguns grupos de pagode resolveram adotar. Gostaria de ressaltar que o meu lugar de fala é de um consumidor da cultura, portanto, não há aqui, evidentemente, nenhum ataque aos ritmos mencionados. Voltando a letra muito divertida, me lembro de uma cantora que parecia levar na cabeça uma tocha incandescente e com os dentes enormes dançava para frente e para trás como a uma galinha.
A Roda
Sarajane
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha
(repete)
ô meu neguinho eu tô ligada em você
ô meu neguinho eu tô ligada em você
Se você quiser me ver, sabe encontra
O desejo de te ver é que me faz te amar
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha
(repete)
Essa dança apareceu, minha neguinha
Foi tirada de uma ave, de uma galinha
Deslizando pra frente e pra trás
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ver
Abre a rodinha
Interessante perceber a inocência da época em comparado aos sucessos atuais, que como toda a música de massa invadem nossos ouvidos através de enormes caixas de som alheias e na pausa do Mp3 player, percebo curioso essas invencionices vendíveis à nossa sociedade.
Levanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca
Por favor apague a luz
A luz, a luz
Mas quando chego na boate
Ela se excita
Levanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca
Abecedário, abecedário, abecedário da alegria
Vou te comer todo dia
(a , b , c , d) abecedário da alegria
(a , b , c , d)
(bis)
A - aquece a perna
B - buchechada
C - com carinho
D - devagarinho
E - eu tô gostando
F - faz meia lua
G - gordinha gostosa
Ela pede, ela pede
Bota com raiva, bota com raiva
Bota com raiva
Muito bem, evoluímos e num breve clicar(sites de letras de músicas) percebo o quão mais avançados estamos no que tange a liberdade sexual na música, ou poderia dizer libertinagem? Será que precisamos levar nossas intimidades de forma tão escrachada para os espaçoes de diversão? Imaginem se "A Roda" fosse apropriada para o mesmo movimento literário de "Perereca Pisca"?
Em tempo, gostaria de mencionar como um destaque de criatividade na composição de pagode "A liga da justiça" aliviou os meus sentidos no último carnaval.
Percebo que tais liberdades do léxico libertino na música baiana podem ser levados com poesia como no exemplo da linda musica-desabafo de Tomate "Eu te Amo Porra!".
Hoje senti uma saudade imensa de Sarajane e de Pierre Onasis e me senti assim um pouco fã de Gerônimo que descreve na sua visão de marechal do axé baiano a evolução do nosso processo de criação musical.
Nas poeiras dos meus pensamentos(tomei cuidado ingerindo um anti-alérgico antes porque o negócio é perigoso para quem tem rinite alérgica) encontrei uma letra contemporânea à de Pierre que poderia muito bem se adequar à nossa atualidade e os rumos que alguns grupos de pagode resolveram adotar. Gostaria de ressaltar que o meu lugar de fala é de um consumidor da cultura, portanto, não há aqui, evidentemente, nenhum ataque aos ritmos mencionados. Voltando a letra muito divertida, me lembro de uma cantora que parecia levar na cabeça uma tocha incandescente e com os dentes enormes dançava para frente e para trás como a uma galinha.
A Roda
Sarajane
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha
(repete)
ô meu neguinho eu tô ligada em você
ô meu neguinho eu tô ligada em você
Se você quiser me ver, sabe encontra
O desejo de te ver é que me faz te amar
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Vamos abrir a roda
Enlarguecer
Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha
(repete)
Essa dança apareceu, minha neguinha
Foi tirada de uma ave, de uma galinha
Deslizando pra frente e pra trás
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ver
Abre a rodinha
Interessante perceber a inocência da época em comparado aos sucessos atuais, que como toda a música de massa invadem nossos ouvidos através de enormes caixas de som alheias e na pausa do Mp3 player, percebo curioso essas invencionices vendíveis à nossa sociedade.
Perereca Pisca
Black Style
Quando chego na boate
Ela se excitaLevanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca
Por favor apague a luz
A luz, a luz
Mas quando chego na boate
Ela se excita
Levanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca
Abecedário, abecedário, abecedário da alegria
Vou te comer todo dia
(a , b , c , d) abecedário da alegria
(a , b , c , d)
(bis)
A - aquece a perna
B - buchechada
C - com carinho
D - devagarinho
E - eu tô gostando
F - faz meia lua
G - gordinha gostosa
Ela pede, ela pede
Bota com raiva, bota com raiva
Bota com raiva
Muito bem, evoluímos e num breve clicar(sites de letras de músicas) percebo o quão mais avançados estamos no que tange a liberdade sexual na música, ou poderia dizer libertinagem? Será que precisamos levar nossas intimidades de forma tão escrachada para os espaçoes de diversão? Imaginem se "A Roda" fosse apropriada para o mesmo movimento literário de "Perereca Pisca"?
Em tempo, gostaria de mencionar como um destaque de criatividade na composição de pagode "A liga da justiça" aliviou os meus sentidos no último carnaval.
Hoje senti uma saudade imensa de Sarajane e de Pierre Onasis e me senti assim um pouco fã de Gerônimo que descreve na sua visão de marechal do axé baiano a evolução do nosso processo de criação musical.
domingo, 24 de abril de 2011
Tempo
Entrego a ti, Tempo...
A saudade que eu sinto, os meus planos, minha alma.
Entrego a ti, Tempo!
Minhas demoras, minhas pressas.
Entrego a ti, Tempo!
Minhas decepções, meus arrpendimentos.
Entrego a ti, Tempo!
Minhas vitórias, minhas derrotas, meus inimigos
Entrego a ti, Tempo!
Nos veios de suas mãos enrugadas percebo a força da sabedoria, no vento que me envolve, sinto a força que me transita e você Tempo, me provém...
Tempo nos olhos azuis dos idosos, na sabedoria, na luz de cada dia, o seu dedo, sua força, seu axé...
Minha raiz é verde, minha força caule, Tempo me plante, me cultive e com você eu crescerei.
Quero dormir no seu ventre árvore, me envolver clorofila, me envolver sabedoria....
Coruja é pouco para mim.
Macuradilê! Zara Tempo!
sábado, 23 de abril de 2011
Manhã
Hoje de manhã senti um cheiro conhecido,
Uma mistura café, incenso de canela, folhas e dendê
Hoje senti saudade daquele cheiro que cultivava
De súbito me arrepiei e percebi que sentia falta de mim
Hoje senti o cheiro de chá verde e o mofo e do lixo sem jogar.
Plantas mortas, velas, alecrim, cozinha e expectativa.
É percebi que a constância era minha externamente e internamente mudava
A margem do rio e a espera só me fizeram gritar com os poros o que eu não quero
Meus sabores de pimenta calabresa e macarrão instantâneo eram de uma felicidade ou de uma tristeza adiada?
Hoje quando sinto esse cheiro misturado na minha casa percebo que nunca estive inteiro em parte alguma porque não sou inteiro, não posso ser. Sou intercalado de situações, um ser intercalado, intermudo.
E quando mudo é quando mais falo.
E falo forte alto com meus olhos, quem disse que a revolução não se dá por dentro?
E dentro de mim travei e travo lutas e nunca terei certeza da vitórias enquanto essas vozes não calarem
Espero que nunca calem.
Café, incenso de canela, alecrim, dendê, pimenta calabresa, mofo, lixo, música...lembranças...manhã.
Uma mistura café, incenso de canela, folhas e dendê
Hoje senti saudade daquele cheiro que cultivava
De súbito me arrepiei e percebi que sentia falta de mim
Hoje senti o cheiro de chá verde e o mofo e do lixo sem jogar.
Plantas mortas, velas, alecrim, cozinha e expectativa.
É percebi que a constância era minha externamente e internamente mudava
A margem do rio e a espera só me fizeram gritar com os poros o que eu não quero
Meus sabores de pimenta calabresa e macarrão instantâneo eram de uma felicidade ou de uma tristeza adiada?
Hoje quando sinto esse cheiro misturado na minha casa percebo que nunca estive inteiro em parte alguma porque não sou inteiro, não posso ser. Sou intercalado de situações, um ser intercalado, intermudo.
E quando mudo é quando mais falo.
E falo forte alto com meus olhos, quem disse que a revolução não se dá por dentro?
E dentro de mim travei e travo lutas e nunca terei certeza da vitórias enquanto essas vozes não calarem
Espero que nunca calem.
Café, incenso de canela, alecrim, dendê, pimenta calabresa, mofo, lixo, música...lembranças...manhã.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Epifania de Shopping
Meu corpo doía, músculo a músculo do trabalho executado,
Meu coração prosseguia, por amor.
Eu prosseguia guiado pelo coração, isso me tornava luz.
Interessante perceber que quando a gratidão é atingida a mente toma o lugar
Dominante mostrava os perigos da dor e racionalmente eu parava, cedia, pensava.
Por onde eu andei?
Esse vale sombrio de explorações não é mais plano
Não me faz pleno,
Parti os grilhões que me oprimiam e no som lancinante surgiu um clamor vazio...
Uma pergunta:
Quem é você? Não esqueça! Quem é você?
Lembrei cada detalhe, de cada açoite e me vi.
Entrei pé ante pé na porta de madeira de lei cortada por meu tataravô, no espelho talhado pelo suor azêdo e coberto de melanina.
Molhei o rosto e me vi em todos os cantos, menos onde eu deveria estar,
Eu sou mais que isso e vou provar!
terça-feira, 19 de abril de 2011
Formação
Estrada tortuosa onde um dia o motorista é aprendiz e o aprendiz motorista,
A vida é intensa formação.
Eu estou voltando a mim emergindo e o ar que entra pelos meus pulmões.
Sou pleno em poesia e fé.
Recebi a forma agora serei ação.
A vida é intensa formação.
Eu estou voltando a mim emergindo e o ar que entra pelos meus pulmões.
Sou pleno em poesia e fé.
Recebi a forma agora serei ação.
domingo, 17 de abril de 2011
Deus
Hoje senti Deus dentro de mim...
Em cada partícula de poeira acendida pela luz refletida que era reflexo do que me continha
O que me era contido, também me continha e me fazia refletir.
Do meu acordar sorridente, passando pelo meu cuidado com os outros, conseguia ver o milagre do Gênesis,
O meu Orun.
Beijei a face aflita de minha mãe, amei meu amigos, amei meus conhecidos, amei a mim mesmo
Dancei na rua, distribui afeto e terminei o dia com o coração coberto de amor por alguém
Um amor inexplicável pelo mundo e pelos espíritos à minha volta me tomaram tanto e com tanta força que me derramavam.
Toquei o dedo de Michelangelo, não era Deus do outro lado era a mímese, era o mimetizador.
Senti o sol, amei meu corpo, amei o alheio e sorri com fervor.
Hoje depois de muito tempo senti a minha força, senti quem eu sou, quem eu fui e quem eu vou.
Percebi porque estou vivo, percebi porque tantas estradas, tanto chão, tantos desafios eu já vivi,
Porque fui escolhido para tanto...
Meu amor é infinito, minha dedicação ao homem é um sem-fim, sinto que perdi um pouco de tempo, mas me devia isso porque minha missão é pesada e agora não há mais tempo meu caminho é seguir, passo a passo, degrau a degrau.
E vou com meu Deus, com meus Deuses e Deusas, com meu sorriso que é troféu de minha vitória e com minha alma limpa de amor...
Dia após dia.
Em cada partícula de poeira acendida pela luz refletida que era reflexo do que me continha
O que me era contido, também me continha e me fazia refletir.
Do meu acordar sorridente, passando pelo meu cuidado com os outros, conseguia ver o milagre do Gênesis,
O meu Orun.
Beijei a face aflita de minha mãe, amei meu amigos, amei meus conhecidos, amei a mim mesmo
Dancei na rua, distribui afeto e terminei o dia com o coração coberto de amor por alguém
Um amor inexplicável pelo mundo e pelos espíritos à minha volta me tomaram tanto e com tanta força que me derramavam.
Toquei o dedo de Michelangelo, não era Deus do outro lado era a mímese, era o mimetizador.
Senti o sol, amei meu corpo, amei o alheio e sorri com fervor.
Hoje depois de muito tempo senti a minha força, senti quem eu sou, quem eu fui e quem eu vou.
Percebi porque estou vivo, percebi porque tantas estradas, tanto chão, tantos desafios eu já vivi,
Porque fui escolhido para tanto...
Meu amor é infinito, minha dedicação ao homem é um sem-fim, sinto que perdi um pouco de tempo, mas me devia isso porque minha missão é pesada e agora não há mais tempo meu caminho é seguir, passo a passo, degrau a degrau.
E vou com meu Deus, com meus Deuses e Deusas, com meu sorriso que é troféu de minha vitória e com minha alma limpa de amor...
Dia após dia.
Inspiração
Eu hoje inspirei profundamente o ar para os meus pulmões ao acordar,
Inspirei e percebi que trazia para muito mais de mim do que estava sendo.
Às vezes nós saímos um pouco de nós e bagunçamos um pouco a estabilidade das nossas vidas,
A vida é mesmo um ciclo de pequenas revoluções e precisamos peitá-las assumindo os riscos que isso nos traz,
Hoje eu inspirei profundo as partículas de mim mesmo que orbitavam elétrons a minha volta,
Cedi à tensão que insistia em manter-me longe...distante e me inspirei...
Concretizei meu coração em prótons e elétrons e me sinto feliz e mais completo.
Inspirei e percebi que trazia para muito mais de mim do que estava sendo.
Às vezes nós saímos um pouco de nós e bagunçamos um pouco a estabilidade das nossas vidas,
A vida é mesmo um ciclo de pequenas revoluções e precisamos peitá-las assumindo os riscos que isso nos traz,
Hoje eu inspirei profundo as partículas de mim mesmo que orbitavam elétrons a minha volta,
Cedi à tensão que insistia em manter-me longe...distante e me inspirei...
Concretizei meu coração em prótons e elétrons e me sinto feliz e mais completo.
sábado, 16 de abril de 2011
Original
Senti hoje no interstício do mundo a poeira dos momentos.
Toquei a parede e senti a paz, a tristesa, a alegria, o cheiro de cada partícula que aglutinava-se nos vãos das minhas digitais...
Vi que éramos iguais, todos Dna's de momentos, eu, memória do corpo, ela, memória do lugar.
Me identifiquei com a poeira...algo que vai depositando pouco a pouco, dia após dia e vai ficando.
E vai se formando aos poucos, se moldando no friso do mundo, onde tudo o que era revolução se assenta se acalma e vai...
Hoje me senti poeira e entendi que minha rinite é identidade. É essa identidade incômoda, onde aquilo que que é força briga e as partes cedem.
Eu cedo aos alérgenos e respondo com o espirro...
E o espírito agita o ar e se deposita novamente em poeira.
E eu que havia esquecido que essa é a forma original do homem.
E eu que havia esquecido que essa é a forma original do mundo.
Sei que temos encontro marcado...
Mas sigo fingindo esquecer.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Doce
Ela afagou meus cabelos e disse-me para ficar tranquilo.
Sou sacerdote dela e a levo comigo com um orgulho simples de quem carrega um brinde singelo de ouro. Eu que nem gosto de ouro, de usá-lo. É algo externo a mim, gosto de vê-lo de longe. Assim lembro do que me contém, tanto e com tanta força que me basta o que está dentro.
Formo minhas capas, minhas camadas e ela desvela, desfaz, revela o que sou mais profundo. A cebola se fez dia após dia e ela com sua faca dourada me vê e sabe quem sou no mais profundo.
Carrego a água e vou calmamente olhando e relembrando a marca ancestral do amor que me revela. A água calma que é a força primordial, a força revigorante, a força refrigerante da alma. E cresço na margem da sua trajetória para te contemplar. Eu que também sou limo, mata ciliar, mato e muitas vezes me deixo ir com você e outras me deixo ficar aqui com ele na margem.
Ela afagou meu cabelo e disse que aguardasse, ela me afagou e me disse que estarei, um dia tão perto dela que serei ela e ela será a mim.
Eu afaguei o cabelo de meu filho e sendo a mim e a ela cantei o amor de minha alma para aquele serzinho, aquela matéria de amor que tinha calor na pele, que tinha a pele formada de mim, aquele que era do meu útero de homem. Afaguei e cantei. E trouxe a calma e a milha alma hoje é serena.
Sou sacerdote dela e a levo comigo com um orgulho simples de quem carrega um brinde singelo de ouro. Eu que nem gosto de ouro, de usá-lo. É algo externo a mim, gosto de vê-lo de longe. Assim lembro do que me contém, tanto e com tanta força que me basta o que está dentro.
Formo minhas capas, minhas camadas e ela desvela, desfaz, revela o que sou mais profundo. A cebola se fez dia após dia e ela com sua faca dourada me vê e sabe quem sou no mais profundo.
Carrego a água e vou calmamente olhando e relembrando a marca ancestral do amor que me revela. A água calma que é a força primordial, a força revigorante, a força refrigerante da alma. E cresço na margem da sua trajetória para te contemplar. Eu que também sou limo, mata ciliar, mato e muitas vezes me deixo ir com você e outras me deixo ficar aqui com ele na margem.
Ela afagou meu cabelo e disse que aguardasse, ela me afagou e me disse que estarei, um dia tão perto dela que serei ela e ela será a mim.
Eu afaguei o cabelo de meu filho e sendo a mim e a ela cantei o amor de minha alma para aquele serzinho, aquela matéria de amor que tinha calor na pele, que tinha a pele formada de mim, aquele que era do meu útero de homem. Afaguei e cantei. E trouxe a calma e a milha alma hoje é serena.
Paz
Assim sou eu,
Metáfora viva do mundo, sou terra
Embaixo de mim(ou dentro) profundas reciclagens, revoluções, transformações...
Telas de descanso, dissimulações naturais, eu levo a paz,
E a minha paz?
A paz que eu preciso e que desvelo aos outros é o desejo que tenho pra mim.
Tenho um buraco aqui no centro do estômago e nele há sopas de elementos em profunda, intensa revolução
Telas de descanso, trago para dentro a falta de paz alheia
Aqui dentro administro isso, sou máquina de fazer paz
E faço e refaço e me esqueço de mim no mundo
Metáfora viva pelo avesso sou guerra
Pinto as paredes de vermelho e preto
Amolo as facas e as lanças,
Aponto a seta
Aqui sou um sem limites de mim
Aqui realizo o que me envergonha mas o faço
Na metade que a mim cabe e exponho as dores do buraco negro de mim
E nada entra mais e só sai
Assim sou eu, memória de extremos na eterna busca de equilibrio...
Assim alma bruta, corpo leve, corpo bruto, alma leve, novelo de espinhos, espinhos de lã...
E o que eu quero?
Não sei.
Metáfora viva do mundo, sou terra
Embaixo de mim(ou dentro) profundas reciclagens, revoluções, transformações...
Telas de descanso, dissimulações naturais, eu levo a paz,
E a minha paz?
A paz que eu preciso e que desvelo aos outros é o desejo que tenho pra mim.
Tenho um buraco aqui no centro do estômago e nele há sopas de elementos em profunda, intensa revolução
Telas de descanso, trago para dentro a falta de paz alheia
Aqui dentro administro isso, sou máquina de fazer paz
E faço e refaço e me esqueço de mim no mundo
Metáfora viva pelo avesso sou guerra
Pinto as paredes de vermelho e preto
Amolo as facas e as lanças,
Aponto a seta
Aqui sou um sem limites de mim
Aqui realizo o que me envergonha mas o faço
Na metade que a mim cabe e exponho as dores do buraco negro de mim
E nada entra mais e só sai
Assim sou eu, memória de extremos na eterna busca de equilibrio...
Assim alma bruta, corpo leve, corpo bruto, alma leve, novelo de espinhos, espinhos de lã...
E o que eu quero?
Não sei.
Luta
Luto com os meus lutos,
Todos os pretos de mim numa tela de clarão,
Morro a cada investida perdido do amor,
E a cada passo percebo o quanto o adoro, o amor.
Mas passo a passo percebo que ele está longe do concreto
Ou me distancio do mundo?
Me joguei um milhão de vezes no abismo do amor
Lutei, resisti ao hábito clichê de renegá-lo como se não existisse,
Mas sempre acreditei naquilo que sinto e no que me dói e compraz.
Me feri e me firo um milhão e meio de vezes
Na teia de arames, na esteira de espinho e lambo o sangue que escorre em mim
Meu rosto, minha pele, minhas entranhas, meu falo,
Bebo do sacrifício que é desgastar-se pelo maldito ritual do amor
E assumo os meus riscos
E sigo a estrada
Pra rua me levar.
Todos os pretos de mim numa tela de clarão,
Morro a cada investida perdido do amor,
E a cada passo percebo o quanto o adoro, o amor.
Mas passo a passo percebo que ele está longe do concreto
Ou me distancio do mundo?
Me joguei um milhão de vezes no abismo do amor
Lutei, resisti ao hábito clichê de renegá-lo como se não existisse,
Mas sempre acreditei naquilo que sinto e no que me dói e compraz.
Me feri e me firo um milhão e meio de vezes
Na teia de arames, na esteira de espinho e lambo o sangue que escorre em mim
Meu rosto, minha pele, minhas entranhas, meu falo,
Bebo do sacrifício que é desgastar-se pelo maldito ritual do amor
E assumo os meus riscos
E sigo a estrada
Pra rua me levar.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Água
É agua meu nome.
É mágoa o nome da dor da água que choro,
Esse amor-estanque que transborda,
Esse olho forte que chora para adiante acalmar o corpo e a alma,
É água meu espírito errante na ressaca do útero do mundo,
É água meu coração que água tudo o que ama,
Sou estrangeiro a nesse mundo de superficialidades,
Sou a tensão superficial, mas sou a profundidade agridoce de rio com mar.
E sou água, reelaboro o mundo nesse curso de uma a mil vezes,
Pois estou acostumado às mudancas de estado, estação, ritmo.
É agua meu nome,
Não tente me cercar jamais, me roube e me terá, mas por instantes...
É mágoa o nome da dor da água que choro,
Esse amor-estanque que transborda,
Esse olho forte que chora para adiante acalmar o corpo e a alma,
É água meu espírito errante na ressaca do útero do mundo,
É água meu coração que água tudo o que ama,
Sou estrangeiro a nesse mundo de superficialidades,
Sou a tensão superficial, mas sou a profundidade agridoce de rio com mar.
E sou água, reelaboro o mundo nesse curso de uma a mil vezes,
Pois estou acostumado às mudancas de estado, estação, ritmo.
É agua meu nome,
Não tente me cercar jamais, me roube e me terá, mas por instantes...
sábado, 2 de abril de 2011
E...
Meio de mim parte...
Partido ao meio em veias e veios abertos.
Meus sulcos exprimem a clorofila cheirosa do que é ser eu,
Do que é dor e do que é ar.
Acho que talvez até aqui é tudo que sou,
É o que consegui ser, acredito que a vida é mais do que o menos que conseguimos pensar,
E sigo trilhando meu caminho acreditando em destino, mas fazendo as estradas, pois nunca se sabe quando precisaremos voltar.
Sei que meu caminho é Doar, mas pretendo doar menos nessas proximas décadas, para que eu Viva.
Sobreviver não faz mais parte de minha jornada,
Daqui meu caminho só admite conquistas e estou preparado para elas,
Já perdi demais e agora Caracol experiente deixarei parte de mim em tudo, mas trarei bem mais de mim e do outro, porque mereço.
Sigo fodendo pedras e deixando rastros e trazendo comigo o suficente para não deixar nu o adversário, evitarei chuvas torrenciais e tempestadas e entrarei na casa tempo suficienter para não ser percebido e perseguido, sempre fui de Zélia e escolhi o fugitivo de Nessa.
Continuarei fugindo e tentarei menos estragos no caminho...
O amor não é mais prioridade para mim. Pelo menos Eros. Agora é ir seguindo, muro após muro, porta após porta, fechadura após fechadura em mundos instantâneos e o amor que derrama em meu peito guardarei comigo e cuidarei de evaporar essa água, com o suor nosso de cada dia. Darei de mim ao que me suplanta e poderei até doar meu corpo a um alheio, mas para meu prazer e só.
Meu corpo dificilmente disponível e minha alma talvez nunca mais. Terei de traçar os limites do consumo de minha vida, ter meus territórios e enchê-los de muros altos e fortes e dedicar o meu amor aos meus. Àqueles que me antecedem, os que eu represento com todo o respeito.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Caminhos
Hoje meu subconsciente me convidou a pensar nos caminhos.
Caminhos que passei, caminhos que passo e sigo no passo.
Caminhos que nem sei.Caminhos de me perder.
Caminhos de me achar.
Caminhos de respirar.
Caminhos de ar.
Caminhos de pedra.
Caminhos de água.
Caminhos de mata.
Caminhos de minha alma.
Caminhos grandes e pequenos,
Do tamanho da pedra de Angola,
Do tamanho da pedra de Aruanda,
miudinha do tamanho do meu coração e com a forca do meu desejo.
Meu caminho e de pedras, eu sei, mas é meu e ninguém tasca.
As vezes arrodeio o muro mais longe, mas a volta é garantida, porque de onde eu venho o que eu conquistei é muito e por isso para mim é pouco, porque é meu por direito o que tomaram dos meus e o que está reservado para mim. Meu caminho é verde, mas eu piso amarelo.

quarta-feira, 30 de março de 2011
Pedra plumada

Tinha acabado de conferir o absurdo na minha conta corrente. Definitivamente não há elemento surpresa mais devastador na psique humana assalariada do que Contra-cheque. Acho na maioria das vezes que deveria mudar o nome para Contra, apenas.
Desesperado tive uma crise de identidade financeira, desisti da aula e peguei um ônibus, resolvi, vou rodar toda a cidade pra ver se o estômago desembrulha. Peguei um tal de São Caetano na frente da Ufba e quando me sento esperando encontrar vendedor de "MENNORATO" que insiste em acomodar a palavra escrita Mendorato(o tal amendoim coberto).
Sento na frente atras de duas senhoras que me convidam a sair do meu mundo sofrido de assalariado. Peguei o assunto pela metade, mas cheguei exatamente na hora que ele chamava algum ser de "Mi-se-rá-vel".
- Miserável menina, você acredita que aquele miserável...
- O ponto é aqui menina, vixe quase que passa...
Pronto! Fiquei pasmo porque não conheci o motivo de tal ênfase, mas não deixei de perceber uma coisa interessante. Porque as senhoras mais idosas se chamam de menina? E comecei a formular possibilidades linguísticas, extra-linguísticas até novamente me abster e me concentrar em outras pessoas. Quando ouvi:
- Venha cá, você tá onde? Eu tô aqui com minha filha.
Quando olho discretamente para atrás o senhor com oito anéis nos dedos e uma corrente no pescoço retirava o relógio e punha no ouvido. Apertei o olho duas vezes e olhei de novo me benzendo achando que eu estava surtando. Bem, por via das dúvidas vou olhar. Quando pela segunda vez olhei, o senhor bigodudo estava mesmo com o mostrengo no ouvido e falava, para vergonha da filha que deixava isso bem claro enquanto olhava pela janela fingindo não conhecê-lo.
Respirei fundo e me concentrei para não rir.
Mas para minha surpresa ouvi um som de acordeon(sanfona) que não era de forró lá no BG tipo trilha de novela. Me espichei para frente(já com medo) para olhar e vi uma cabecinha balacando ritimada e reconheci o som era o tal do PanAmericano. Havia uma senhora felicissima com seu aparelho e convulsivamente se balançava ouvindo a musiquinha repetitiva e gostosa (melhor do que vai sacudir, vai abalar, vamos combinar?) e eu dei de rir na janela pela felicidade dela que parecia acabar de adquirir o aparelho, de repente a música pára e eu levando a cabeça e ouço:
- tou inno pela Barra, na Barra, vou descer na Barra e você fazennu quê...O sol tá lindo...Tou descennnu, tou descennu...
Desceu. E ela repetia essa missa com um sorriso no rosto e com ar de admiração e eu ria da singeleza daquilo tudo e pensava:
Não tenho grana, mas tenho celular, não gosto de relógio, mas tenho anéis, não tenho pai, mas tenho os onibus de Salvador para me lembrar qua a vida continua, sempre. Mesmo com o maldito contra.
Panamericano para vocês e a foto do relógio celular do meu bigodudo preferido....
Abraços.
P.S.: Ainda sem correção, pressa para trabalhar....
sábado, 26 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
O que me interessa numa história...
Uma vez inserido num universo de publicações, com exceção de algumas publicações tecnicas, um livro dificilmente será novidade. Mas desta vez prefiro me ater ao romance. Com uma gama cada vez mais extensa de romances, romance aqui gênero textual não a narrativa romântica. Agora pensemos em livros de Segunda Guerra. Assunto batido não? "O diário de Anne Frank
" é o top 10 da lista e como relançamento mais recente "O leitor
". Bom o assunto é chato, cansativo, mas um livro me encheu os olhos pelo título e me fisgou. "O Riso do Ogro" e uma narrativa que aborda o pós segunda guerra e tem como personagens a primeira geração pós-cataclisma. Com uma narrativa voltada para o psicológico e metáforas densas, desde a introdução. Esse é um livro que figura o meu cânone para quem gosta de ter uma visão diferenciada sobre um assunto pra lá de lavado e enxaguado. Deu vontade até de estudar de novo Segunda guerra. Recomendo.
". Bom o assunto é chato, cansativo, mas um livro me encheu os olhos pelo título e me fisgou. "O Riso do Ogro" e uma narrativa que aborda o pós segunda guerra e tem como personagens a primeira geração pós-cataclisma. Com uma narrativa voltada para o psicológico e metáforas densas, desde a introdução. Esse é um livro que figura o meu cânone para quem gosta de ter uma visão diferenciada sobre um assunto pra lá de lavado e enxaguado. Deu vontade até de estudar de novo Segunda guerra. Recomendo.domingo, 20 de março de 2011
Tons
Tons em amarelo, num dia azul. Um dia de profusão de cores. Qual a cor que em mim abre as portas? Qual a cor que me inaugura e me lança dia a dia nessa caçada diária sem fim? E qual o fim? Será que há fim para todos os começos? Começo a pensar que cada fim é um novo recomeço e reco(mé)ço...O que me inaugura? Por muito tempo pensei que era o amor ao próximo. Depois pensei que era amor aos meus pedaços espalhados pelo mundo, partes de mim, daqueles que me provaram e têm o gosto bom na boca, mesmo tendo provado o meu fel. Não. Seria um tom entre rosa e vermelho. Mas não. Depois aos poucos e não sozinho percebi que tudo começava por minha vontade, meu ego, não há amor ao próximo e sim aos meus padrões. Isso me deu uma angústia profunda como a um crime, me amar acima de tudo. Daria o preto então, mas descobri que a minha cor tinha que ser algo duvidável, bem em cima do muro, tipo Ciano, Roxo, Verde, sei lá. Minha cor não sei, mas minha coisa é a dúvida.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Meu lindo Rei
O rei da mata dançou firme e lindo. O rei da mata dançou, trazendo equilibrio e dispersando força para toda natureza vivente. O rei dançou e dança rápido e gira lento, distribuido axé. Meu rei da mata dança e lança flechas de luz direcionando todo aquele que faz o bem. Meu rei que cheira a milho cozido e côco. Meu rei do akoko dançou e dança para curar e proteger filhos de fé. Meu pai dança na minha cabeça, no meu espirito e na minha alma. Aquele que acerta o alvo com uma flecha só, aquele que lança no meu espírito a força do trabalho que dá meu caminho, meu pai duas vezes. Saravá Oxossi Mutalambô!
Do tom
O segredo de ser negro eh ter a noçaum natural de que estamos sempre trabalhando energias...que somos uma fonte delas, mas tambem catalisadores como prisma....a negritude eh um dom diferente...nos espalhamos a luz do sol, porque ele precisa irradiar e espelhamos a lua para emanar. Eh um eterno trabalho com as forças naturais. A energia naum passa se transfigura, configura, transmuta no neutro negro...o negro que eh a presença das cores....a negritude me ilumina eh a alma sem roupas...e a luz inversa...a luz concentrada e implosiva...eh a força explosiva...a negritude no fundo me ilumina.
Maré
A terra regada em seus sulcos, o sol a rachar, sementes brotando vividas de luz, amor à terra. Mar de mangues, broto de matéria primordial da maré-mãe...imensidão. A areia regada em seus sulcos mais finos retendo o liquido-sal. A pele regada de dentro, o sal, o suor em cada poro de pele..agora leio as minhas mãos, traço a traço suado...Deus, poruqe essa mania de intensidade? Porque esse querer mais profundo de amor e de querer bem? Esse movimento de camera do meu olhar persegue o mais profundo e o mais superficial do vivente e vejo a alma ou procuro a alma de tudo. E coleciono almas e amores em zooms...
Penas...
Mário Amorim
É pena que amor já vem e me disseca com
seus olhos de ciência
mais profunda.
É pena que amor já vai
lindo, leve, livre, solto e sem mim,
É pena o que uso quando
escrevo porque o que eu sinto vai ao meu mil-avô
e tem o peso do
talhar de pedras de Moisés ou o sangue da idade da
pedra e se vive e
se sente essa pena.
Essa pena pesada de escrever quando o amor
já vai e essa pena pesada de
amar quando o amor vem.
É pena
essa onda que leva e traz essa vontade dentro de mim.
Essa
vontade lagarta.
É pena, mas aí já é flor e desabrocha na tinta,
no papel(metáfora para
scraps?)
Na pena de dedos ávidos que
quando não sente o calor da pele se
refaz nos digitos da pena
virtual.
Apenas há duas penas: expressar e amar.
Assinar:
Comentários (Atom)












