quinta-feira, 28 de abril de 2011

Música Baiana

Andei refletindo sobre o axé baiano e seus percursos. Como participante e consumidor da cultura de axé desde os seus primórdios, me lembrei do tempo que eu dançava requebra com a poesia inconfundível de um Pierre Onasis que esbanjava sensualidade quando falava da mulher como musa de sua música rebolativa e alegre.

Nas poeiras dos meus pensamentos(tomei cuidado ingerindo um anti-alérgico antes porque o negócio é perigoso para quem tem rinite alérgica) encontrei uma letra contemporânea à de Pierre que poderia muito bem se adequar à nossa atualidade e os rumos que alguns grupos de pagode resolveram adotar. Gostaria de ressaltar que o meu lugar de fala é de um consumidor da cultura, portanto, não há aqui, evidentemente, nenhum ataque aos ritmos mencionados. Voltando a letra muito divertida, me lembro de uma cantora que parecia levar na cabeça uma tocha incandescente e com os dentes enormes dançava para frente e para trás como a uma galinha.

 
A Roda
Sarajane

Vamos abrir a roda
Enlarguecer

Vamos abrir a roda
Enlarguecer

Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha

(repete)

ô meu neguinho eu tô ligada em você
ô meu neguinho eu tô ligada em você
Se você quiser me ver, sabe encontra
O desejo de te ver é que me faz te amar

Vamos abrir a roda
Enlarguecer

Vamos abrir a roda
Enlarguecer

Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha

(repete)

Essa dança apareceu, minha neguinha
Foi tirada de uma ave, de uma galinha
Deslizando pra frente e pra trás
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, meu amor
Abre a rodinha, eu quero ouvir
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, eu quero ver
Abre a rodinha



Interessante perceber a inocência da época em comparado aos sucessos atuais, que como toda a música de massa invadem nossos ouvidos através de enormes caixas de som alheias e na pausa do Mp3 player, percebo curioso essas invencionices vendíveis à nossa sociedade.

Perereca Pisca

Black Style


Quando chego na boate
Ela se excita
Levanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca 
Por favor apague a luz
A luz, a luz
Mas quando chego na boate
Ela se excita
Levanta a garrafa de whisk
A perereca dela
Pisca pisca pisca pisca pisca 
Abecedário, abecedário, abecedário da alegria
Vou te comer todo dia
(a , b , c , d) abecedário da alegria
(a , b , c , d)
(bis)
A - aquece a perna
B - buchechada
C - com carinho
D - devagarinho
E - eu tô gostando
F - faz meia lua
G - gordinha gostosa
Ela pede, ela pede
Bota com raiva, bota com raiva
Bota com raiva 

Muito bem, evoluímos e num breve clicar(sites de letras de músicas) percebo o quão mais avançados estamos no que tange a liberdade sexual na música, ou poderia dizer libertinagem? Será que precisamos levar nossas intimidades de forma tão escrachada para os espaçoes de diversão? Imaginem se "A Roda" fosse apropriada para o mesmo movimento literário de "Perereca Pisca"?

Em tempo, gostaria de mencionar como um destaque de criatividade na composição de pagode "A liga da justiça" aliviou os meus sentidos no último carnaval.




Percebo que tais liberdades do léxico libertino na música baiana podem ser levados com poesia como no exemplo da linda musica-desabafo de Tomate "Eu te Amo Porra!".


Hoje senti uma saudade imensa de Sarajane e de Pierre Onasis e me senti assim um pouco fã de Gerônimo que descreve na sua visão de marechal do axé baiano a evolução do nosso processo de criação musical.

Um comentário:

  1. É meu amigo,o pagode baiano involuiu...rsrs, mas se existe é porque compram.

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