sábado, 23 de abril de 2011

Manhã

Hoje de manhã senti um cheiro conhecido,
Uma mistura café, incenso de canela, folhas e dendê
Hoje senti saudade daquele cheiro que cultivava
De súbito me arrepiei e percebi que sentia falta de mim
Hoje senti o cheiro de chá verde e o mofo e do lixo sem jogar.
Plantas mortas, velas, alecrim, cozinha e expectativa.
É percebi que a constância era minha externamente e internamente mudava
A margem do rio e a espera só me fizeram gritar com os poros o que eu não quero
Meus sabores de pimenta calabresa e macarrão instantâneo eram de uma felicidade ou de uma tristeza adiada?
Hoje quando sinto esse cheiro misturado na minha casa percebo que nunca estive inteiro em parte alguma porque não sou inteiro, não posso ser. Sou intercalado de situações, um ser intercalado, intermudo.
E quando mudo é quando mais falo.
E falo forte alto com meus olhos, quem disse que a revolução não se dá por dentro?
E dentro de mim travei e travo lutas e nunca terei certeza da vitórias enquanto essas vozes não calarem
Espero que nunca calem.
Café, incenso de canela, alecrim, dendê, pimenta calabresa, mofo, lixo, música...lembranças...manhã.

Um comentário:

  1. "E quando mudo é quando mais falo..."
    Fantástica antítese ou será paradoxo?
    "De súbito me arrepiei e percebi que sentia falta de mim..." já me senti assim... a vida nos rouba de nós mesmos, sem que nem percebamos, não é verdade?
    Parabéns pelas palavras! Sua companheira de Buzu! rsrs

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