terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cotas

E quem sou eu nesse mar sem fim de mendigos pretos, porteiros pretos de um céu branco brasileiro?
E quem sou eu nesse céu que vê branco como ascensão, desde a escola e todos os romances de brancuras ?imensas e cozinheiras belzebus,
Até sabugo de milho é gente!
E que sou mesmo no meio dessas roupas alvas que são sinônimo de macumba, nunca de medicina?
E eu mesmo q sou negado a ver macumba como terapia, porque seu nome me é repassado deturpadamente.
Eu que entendo meu sangue afro-indígena e choro lendo Risérios, Freyres, Ribeiros, Rodrigues...passeando entre raiva, vergonha e rancor.
Quem sou eu nesse mundo epistemologicamente hegemônico que me faz redescobrir o quanto fui treinado para me auto destruir e perceber em meio às muitas leituras que me consomem de dor e prazer, me conclamam ouvir de um semelhante tamanho absurdo que temos direitos iguais?
Morro duas vezes por tentar explicar a tão difícil estatística que reaparece dia a apos dia na minha luta por posições dignas de trabalho os filhos dos meus Oxossis, Oxuns, Xangôs, Nanãs e tupis.
Morro e escorro dez mil vezes toda vez que uma pele rasurada se mostra como uma perfeita bomba-relógio pronta para destruir um trabalho coletivo em detrimento de uma opinião irrefletida e incultida pela hegemonia para continuar manipulando o poder.
Morro e remarco com o ejé de mim mesmo e oferendo-o em meu Exu para me dar força de impedir que os meus irmãos se matem  e que o plano do discurso da "igualdade" dê certo, mesmo que a célula branca em posição de poder tenha como núcleo uma gema de ovo, mesmo que seja visto a olho nú o absurdo que é ter cotas no Brasil para nos lembrar dessa maldita dificuldade de vencer e reafirmar o discurso de que ter nascido negro é o mesmo que deixar as costas prontas para sobrepor suas capacidades para provar o improvável?

NÃO SOMOS IGUAIS
Ofereço-me Exu para que me de forças para conseguir outro absurdo:
Não quero que seja difícil para mais ninguém suplantar as estatísticas... a favor das cotas, pela minha historia e pela historia q não quero repetida!

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