sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dois Rios

Dois rios.






Me acho e me perco em corredores confusos. Labirintos criados por mim? Minha mente lacunar, onde os lapsos são preencidos com o esquecimento.
Se deixar é se perder e minha alma é para isso. Dar lugar.
Enquanto isso o mundo persiste, a vida continua e o meu relógio para.
Toda a sorte de movimentos continuam nessa matriz corpo deixada e o mundo lá fora continua.
Aqui dentro em mim lacunar, o tempo para e quando volto não vejo que o rio de Parmênides passou e continua passando.
A presença cada vez mais constante de meu perdimento, de minha ausência, gera alegrias, felicidades, gratidão e vejo a verdade: me perder é me ganhar.
E continuo com pé no vale onde corre dois rios. Os dois de Parmênides e eu no meio vendo-os correr e entrando de quando em quando para mostrar que eu sou e estou neles.
Mas há esse momento que preciso contemplá-los e para isso preciso estar mais fora do que dentro deles, tenho que fazer escolhas difíceis e meu eu lacunar não pode se sacrificar porque é do que sou feito, para que sou feito.
Escolho por deixar o outro rio. E se eu perder parte desse rio? E se eu ganhar? Nunca irei saber. É um grito de socorro e só e corro e vou na solidão de me entesnder e me desentender. Na solidão de não me abrir com quem quer que seja, porque há lugares só meus nesse ser lacunar que se doa. Há desejos só meus, mas para isso preciso decidir, preciso saber. Tenho a alegria dos amigos, das festas, do trabalho bem-feito e os outros não entendem quando eu digo que eu sempre fui muito só. E ainda há dois rios para cruzar eternamente.
 
Rio São Francisco
Rio Oxum

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