quinta-feira, 31 de março de 2011

Caminhos



Hoje meu subconsciente me convidou a pensar nos caminhos.
Caminhos que passei, caminhos que passo e sigo no passo.
Caminhos que nem sei.
Caminhos de me perder.
Caminhos de me achar.
Caminhos de respirar.
Caminhos de ar.
Caminhos de pedra.
Caminhos de água.
Caminhos de mata.
Caminhos de minha alma.
Caminhos grandes e pequenos,
Do tamanho da pedra de Angola,
Do tamanho da pedra de Aruanda,
miudinha do tamanho do meu coração e com a forca do meu desejo.
Meu caminho e de pedras, eu sei, mas é meu e ninguém tasca.
As vezes arrodeio o muro mais longe, mas a volta é garantida, porque de onde eu venho o que eu conquistei é muito e por isso para mim é pouco, porque é meu por direito o que tomaram dos meus e o que está reservado para mim. Meu caminho é verde, mas eu piso amarelo.



quarta-feira, 30 de março de 2011

Pedra plumada

 


Tinha acabado de conferir o absurdo na minha conta corrente. Definitivamente não há elemento surpresa mais devastador na psique humana assalariada do que Contra-cheque. Acho na maioria das vezes que deveria mudar o nome para Contra, apenas.
Desesperado tive uma crise de identidade financeira, desisti da aula e peguei um ônibus, resolvi, vou rodar toda a cidade pra ver se o estômago desembrulha. Peguei um tal de São Caetano na frente da Ufba e quando me sento esperando encontrar vendedor de "MENNORATO" que insiste em acomodar a palavra escrita Mendorato(o tal amendoim coberto).
Sento na frente atras de duas senhoras que me convidam a sair do meu mundo sofrido de assalariado. Peguei o assunto pela metade, mas cheguei exatamente na hora que ele chamava algum ser de "Mi-se-rá-vel".


- Miserável menina, você acredita que aquele miserável...
- O ponto é aqui menina, vixe quase que passa...

Pronto! Fiquei pasmo porque não conheci o motivo de tal ênfase, mas não deixei de perceber uma coisa interessante. Porque as senhoras mais idosas se chamam de menina? E comecei a formular possibilidades linguísticas, extra-linguísticas até novamente me abster e me concentrar em outras pessoas. Quando ouvi:

- Venha cá, você tá onde? Eu tô aqui com minha filha.
Quando olho discretamente para atrás o senhor com oito anéis nos dedos e uma corrente no pescoço retirava o relógio e punha no ouvido. Apertei o olho duas vezes e olhei de novo me benzendo achando que eu estava surtando. Bem, por via das dúvidas vou olhar. Quando pela segunda vez olhei, o senhor bigodudo estava mesmo com o mostrengo no ouvido e falava, para vergonha da filha que deixava isso bem claro enquanto olhava pela janela fingindo não conhecê-lo.
Respirei fundo e me concentrei para não rir.
Mas para minha surpresa ouvi um som de acordeon(sanfona) que não era de forró lá no BG tipo trilha de novela. Me espichei para frente(já com medo) para olhar e vi uma cabecinha balacando ritimada e reconheci o som era o tal do PanAmericano. Havia uma senhora felicissima com seu aparelho e convulsivamente se balançava ouvindo a musiquinha repetitiva e gostosa (melhor do que vai sacudir, vai abalar, vamos combinar?) e eu dei de rir na janela pela felicidade dela que parecia acabar de adquirir o aparelho,  de repente a música pára e eu levando a cabeça e ouço:

- tou inno pela Barra, na Barra, vou descer na Barra e você fazennu quê...O sol tá lindo...Tou descennnu, tou descennu...

Desceu. E ela repetia essa missa com um sorriso no rosto e com ar de admiração e eu ria da singeleza daquilo tudo e pensava:
Não tenho grana, mas tenho celular, não gosto de relógio, mas tenho anéis, não tenho pai, mas tenho os onibus de Salvador para me lembrar qua a vida continua, sempre. Mesmo com o maldito contra.

Panamericano para vocês e a foto do relógio celular do meu bigodudo preferido....



Abraços.

P.S.: Ainda sem correção, pressa para trabalhar....

sexta-feira, 25 de março de 2011

O que me interessa numa história...

Uma vez inserido num universo de publicações, com exceção de algumas publicações tecnicas, um livro dificilmente será novidade. Mas desta vez prefiro me ater ao romance. Com uma gama cada vez mais extensa de romances, romance aqui gênero textual não a narrativa romântica. Agora pensemos em livros de Segunda Guerra. Assunto batido não? "O diário de Anne Frank" é o top 10 da lista e como relançamento mais recente "O leitor". Bom o assunto é chato, cansativo, mas um livro me encheu os olhos pelo título e me fisgou. "O Riso do Ogro" e uma narrativa que aborda o pós segunda guerra e tem como personagens a primeira geração pós-cataclisma. Com uma narrativa voltada para o psicológico e metáforas densas, desde a introdução. Esse é um livro que figura o meu cânone para quem gosta de ter uma visão diferenciada sobre um assunto pra lá de lavado e enxaguado. Deu vontade até de estudar de novo Segunda guerra. Recomendo.

domingo, 20 de março de 2011

Tons

Tons em amarelo, num dia azul. Um dia de profusão de cores. Qual a cor que em mim abre as portas? Qual a cor que me inaugura e me lança dia a dia nessa caçada diária sem fim? E qual o fim? Será que há fim para todos os começos? Começo a pensar que cada fim é um novo recomeço e reco(mé)ço...O que me inaugura? Por muito tempo pensei que era o amor ao próximo. Depois pensei que era amor aos meus pedaços espalhados pelo mundo, partes de mim, daqueles que me provaram e têm o gosto bom na boca, mesmo tendo provado o meu fel. Não. Seria um tom entre rosa e vermelho. Mas não. Depois aos poucos e não sozinho percebi que tudo começava por minha vontade, meu ego, não há amor ao próximo e sim aos meus padrões. Isso me deu uma angústia profunda como a um crime, me amar acima de tudo. Daria o preto então, mas descobri que a minha cor tinha que ser algo duvidável, bem em cima do muro, tipo Ciano, Roxo, Verde, sei lá. Minha cor não sei, mas minha coisa é a dúvida.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Meu lindo Rei

O rei da mata dançou firme e lindo. O rei da mata dançou, trazendo equilibrio e dispersando força para toda natureza vivente. O rei dançou e dança rápido e gira lento, distribuido axé. Meu rei da mata dança e lança flechas de luz direcionando todo aquele que faz o bem. Meu rei que cheira a milho cozido e côco. Meu rei do akoko dançou e dança para curar e proteger filhos de fé. Meu pai dança na minha cabeça, no meu espirito e na minha alma. Aquele que acerta o alvo com uma flecha só, aquele que lança no meu espírito a força do trabalho que dá meu caminho, meu pai duas vezes. Saravá Oxossi Mutalambô!

Do tom


O segredo de ser negro eh ter a noçaum natural de que estamos sempre trabalhando energias...que somos uma fonte delas, mas tambem catalisadores como prisma....a negritude eh um dom diferente...nos espalhamos a luz do sol, porque ele precisa irradiar e espelhamos a lua para emanar. Eh um eterno trabalho com as forças naturais. A energia naum passa se transfigura, configura, transmuta no neutro negro...o negro que eh a presença das cores....a negritude me ilumina eh a alma sem roupas...e a luz inversa...a luz concentrada e implosiva...eh a força explosiva...a negritude no fundo me ilumina.

Maré

A terra regada em seus sulcos, o sol a rachar, sementes brotando vividas de luz, amor à terra. Mar de mangues, broto de matéria primordial da maré-mãe...imensidão. A areia regada em seus sulcos mais finos retendo o liquido-sal. A pele regada de dentro, o sal, o suor em cada poro de pele..agora leio as minhas mãos, traço a traço suado...Deus, poruqe essa mania de intensidade? Porque esse querer mais profundo de amor e de querer bem? Esse movimento de camera do meu olhar persegue o mais profundo e o mais superficial do vivente e vejo a alma ou procuro a alma de tudo. E coleciono almas e amores em zooms...

Penas...



Mário Amorim

É pena que amor já vem e me disseca com 
seus olhos de ciência 
mais profunda.

É pena que amor já vai 
lindo, leve, livre, solto e sem mim,

É pena o que uso quando 
escrevo porque o que eu sinto vai ao meu mil-avô
e tem o peso do 
talhar de pedras de Moisés ou o sangue da idade da 
pedra e se vive e
se sente essa pena.

Essa pena pesada de escrever quando o amor 
já vai e essa pena pesada de 
amar quando o amor vem.

É pena 
essa onda que leva e traz essa vontade dentro de mim. 
Essa

vontade lagarta.

É pena, mas aí já é flor e desabrocha na tinta, 
no papel(metáfora para 
scraps?)
Na pena de dedos ávidos que 
quando não sente o calor da pele se
refaz nos digitos da pena 
virtual.

Apenas há duas penas: expressar e amar.

Gellato




Mário Amorim


O amor, às vezes precisa refrigerar afastar, ver de longe.
Mas cuidado pra não congelar,Isso pode endurecer os corações e o degelo é dificil.
Para esse degeto microondas pode passar do ponto e cozinhar e aí é que desanda.
Quer saber amor não se coloca em geladeira.
Aproveita quente, discute quente, resolve quente e sem medo da dor.
Amor eu prefiro no calor das negociações, mesmo sabendo que é preciso refrigerar.
Agora com meus dedos enrrugados, discordo na prática, preferia torrar no dendê a amargar essa espera...

Ó Venus-Oxum! Porque me abandonas? Nesse painel branco enregelado? Não vê que corro risco de hipotermia?

Hipo-sentimentos...minha pele sente falta...

Minha pele não suporta o frio, ela (preta) é pra queimar, ferver....

Que falte energia nessa caixa branca e que você venha logo para cá porque vai ficar escuro e quente e dificil de resistir e suarei intensamente e me esquecerei que um dia algo foi frio.

Prefiro o Inferno ao Inverno...