quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Kabiesile

Seis vezes a medida da direita
seis vezes a medida da esquerda
uma decisão
Xangô
Não há pendor, balança equilibrada
Me cavalga meu pai
Quero meu corpo forte para me carregar com seu axé
Para carregá-lo, cavalo que sou
Kaô, Kaô
Meu pai gritou na minha cabeça
O jogo fechou
E ali só a justiça pairou
Silenciosa, solene, forte, como se depois de um trovão
junta-se os cacos e o caos dos seus Kaôs fez a dúvida em pedaços
Construída agora sob a sua ótica, honesta, justa, gozadora
Kaô meu rei corta com seu machado as pedras e lança meu pai
Lança no meu destino
Seja, como senti hoje, eu e você
Dono de meu Odu
de meu ifá...
Pai deitarei um milhão de vezes a cabeça no chão
porque você grita agora na minha cabeça
Que hoje é benção e salvação.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vultos sem fusos


Meu olhar fotográfico, congelador, condensador, fixa o alvo.
Aponto o ofá, miro a seta. Pronto para atirar, só vejo a imagem ora esmaecida, ora nítida...
Esse movimento da estrada em viagem, esse movimento da queda inesperada, do empurrão, do avião...
Esmaecidamente, eu-caçador, debato-me tentando apreender, aprender, aprisionar o cheiro, o gosto, o momento...
Senta-se ao meu lado e ao mesmo tempo está firme no palco.
Olho com espanto e ele me diz:

Minhas faces são muitas, minhas linguas todas...
Porque espantas de ver aquilo que carrega?
Tomo chapeu do compadre e visto-me inteiro com sua roupa quente...
metade vermelho, metade preto
Para causar a confusão de meus vizinhos que discutem direita e esquerda, qual cor é a verdadeira...
Eu de chapéu concluo : Não importa a verdade, importa se a liberdade é preta e a luta vermelha(tudo cabe aqui na roupa, na camisa, na alma)

E continua:

E eu sou, vou e sempre serei a eterna confluência,
a morte do signo fixo e da verdade
A vida da dúvida
sou encruzilhadas eternas,
eternas movências,
o que esmaece é um nada do que consigo ser e não ser,
meu nome compadre é o que você tem ou não tem!

Sim!...Sim?...Não?...Não!