quarta-feira, 20 de março de 2013

Pedaços


Há muito tempo preparava esta terra que hoje colho as daninhas e os frutos que têm o seu doce salobro.
A insalubridade doce de viver nas margens, nas ramas, barrando os transbordos me leva pedaços e me entendo lapidado a cada chuva e desço e subo o que sobra cada vez mais senhor de mim.
Há uma potência de todo em cada pedaço que fica e uma liberdade à frente no que vai.
Então que vão os pedaços necessários e façam potência bela e liberta da escravidão dos amores doentes.

Contas


Rompidos os laços mais fortes
O que lhe resta?
Corpo e contas
Contos e acertos
Espiritos ancestres me visitam
Dizem:
Estamos aqui!
Memórias sensoriais

O que sobra?
Cicatrizes cada vez mais apagadas
Que um dia serão apenas silêncio
E os espiritos que só a mim falam
E acendem fachos de luz nos meus semelhantes.

É do que antes era furo que escorre os filetes brilhantes que me cunham
O amor era um espaço de silêncio e ausências
Hoje ele dança nos apagados das marcas,
nos interstícios, do gesto
e da voz.
O quê?
Pescoço pesado e Paô.